Por Balsano , em 18/07/2025

O papel do seguro na expansão de área agrícola em novas regiões do país

O papel do seguro na expansão de área agrícola em novas regiões do país

À medida que o agronegócio brasileiro se expande para além dos polos tradicionais, o seguro na expansão de área agrícola em novas regiões assume um papel cada vez mais estratégico. A decisão de abrir novas áreas, migrar para regiões de fronteira agrícola ou integrar culturas onde antes havia pastagem ou cana-de-açúcar demanda um olhar técnico, e o seguro rural faz parte desse planejamento desde o início.

No entanto, ao contrário do que muitos imaginam, não se trata apenas de convencer a seguradora a aceitar o risco. A SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) determina, por cláusula geral, que áreas recém-abertas ou que estejam em fase de recuperação pós-pecuária extensiva ou pós-cana não são elegíveis para contratação de seguro rural por um período mínimo de três anos.

A lógica por trás dessa regra é objetiva: nessas condições, é praticamente impossível para a seguradora diferenciar perdas por eventos climáticos legítimos de falhas produtivas decorrentes da baixa fertilidade ou do esgotamento físico e biológico do solo. O intervalo de três anos é considerado o tempo mínimo necessário para a estruturação agronômica da área — o que inclui manejo de solo, adubação, correção, cobertura vegetal e construção da produtividade.

Expansão produtiva exige mais do que investimento: exige critério técnico

A decisão de levar a produção para novas áreas, seja por necessidade de escala ou pela busca de melhores oportunidades de margem, exige um olhar atento para o risco operacional. Mesmo em áreas que já passaram pelo processo de recuperação, é necessário reunir informações técnicas que sustentem a viabilidade agronômica e econômica da produção.

Nesse cenário, o seguro rural, quando possível, não apenas protege a operação contra perdas climáticas, mas também serve como sinalizador de maturidade da gestão do produtor. A aceitação da proposta por parte da seguradora depende diretamente da qualidade técnica da lavoura, do manejo adotado, da consistência do histórico produtivo e da adequação às normas vigentes da SUSEP.

Seguro como ferramenta de planejamento, não de improviso

O seguro não substitui o planejamento técnico da área, ele o complementa. Ao ingressar em uma nova região, produtores e integradoras devem considerar desde o início:

  • A viabilidade agronômica da área a médio e longo prazo;
  • O histórico de uso do solo e as exigências regulatórias;
  • A possível lacuna de proteção nas primeiras safras;
  • A necessidade de documentação para comprovar o manejo e a recuperação da terra;
  • A construção de uma base técnica sólida para garantir aceitação futura pelas seguradoras.

Além disso, propriedades que documentam o processo de reestruturação do solo e apresentam evolução produtiva consistente aumentam consideravelmente suas chances de acesso ao seguro após o período mínimo exigido.

A expansão territorial no agro não pode ser feita apenas com investimento em maquinário e área. Ela exige conhecimento técnico, visão de longo prazo e, principalmente, respeito às exigências agronômicas e regulatórias. O seguro rural, nesses casos, não é um item de prateleira que se aciona na hora da colheita, é uma ferramenta que precisa ser planejada desde o início da abertura da área.

Respeitar o tempo do solo e entender o tempo do seguro são passos fundamentais para construir um crescimento sustentável e protegido. A pressa em garantir produtividade imediata pode custar caro, inclusive com a exclusão da cobertura em momentos críticos.

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